Após ter terminado a recruta e
especialidade em Tavira fui colocado , no B.C.5 em Campolide Lisboa, na 1ª
Companhia operacional, para onde foi colocado também vindo de Tavira o Carvalho
de armas pesadas, que foi parar á C.Caç 1711 (Diaca) do meu Batalhão , esta
Companhia tinha como Comandante o Capitão Zilhão, que quanto a mim um tipo
porreiro, mas que lhe encheram a Companhia com muitos Cabos Milicianos e que
não era tarefa fácil de gerir, pelo que inventou uma série de coisas para a
malta fazer.
Concurso de tiro com Mauser ,
Valter e Parabelo. Fiquei bem classificado na Mauser, em 2º Lugar na Parabello
e um dos últimos lugar com a Walter. Claro o Capitão Zilhão ficou em 1º lugar
em todas, depois em esgrima no pavilhão , Levei uma carga de pancada. Era o
boneco de treino, mas ele ensinou-me dar uma estocadas.
Também fui colado no conselho
administrativo em que o chefe era um capitão que agora não me lembro o nome e
que era uma grande filho da puta, valia-se dos galões para mostrar toda a sua
covardia e falta de carácter e militarismo bacoco , havia no departamento
alguns sargentos escriturários e amanuenses eu creio que era o único amanuense
da G3. Todos tínhamos que assinar o ponto com hora de entrada e saída, para ir
aos sanitários tínhamos de escrever o que íamos fazer se era cagar ou mijar e
tempo gasto. Eu trabalhava quase em frente dessa besta era o conferente de
facturas mas quem lidava com o dinheiro era ele. Só havia uma maneira de sair
dali, era dizer no departamento de maneira que lhe chegasse aos ouvidos que
estava mobilizado mal chegou aos ouvidos dele mandou-me logo substituir .
Dali fui chefiar a unidade de
mobilização praças 2, onde estava um cabo escriturário e um soldado amanuense,
em que o chefe da unidade era um tenente músico (tipo porreiro), que me
assinava os toques de ordem para mim e para os outros dois para uma semana
sendo eu o responsável de estar sempre pelo menos um elemento na secção,
Dali transitei para o
departamento de justiça, e aqui vou contar a história que me levantou recordar
a minha passagem pelo BC5 até então. Fui nomeado escrivão de um auto de um
soldado preso em Trafaria, não recordo o nome e mesmo que o recordasse não o
mencionaria, o Oficial de Justiça era um Goês de Lourenço Marques chamado
Tolentino da Cruz. Ao ser nomeado escrivão em Agosto de 1966, levou-me a
atravessar a ponte de então Salazar pela primeira vez e que tinha sido
inaugurada á pouco tempo. O militar preso em Trafaria era quanto a mim o
símbolo da moral podre daquele tempo. Estava preso já há bastante tempo e com
os escrivãos e oficiais de
justiça a alterarem continuamente
nem sei se ainda continua preso (hahahah). O Soldado era acusado de ter fodido
uma gaja e não querer casar com ela e estava detido já há muito tempo, quando
lá fui pela 1ª vez disse-nos que se a gente quisesse nos dava a morada e que
com uma folha de alface a poderíamos foder, e aproveitem que a gaja é boa. Numa
das outras vezes o rapaz estava farto de estar na choldra e disse-nos eu quero
é sair daqui e não me importo de casar com ela.
Acontece que a tipa quando teve
conhecimento de que ele já queria casar com ela, a rapariga desiste do processo
mas o rapaz vai continuar preso, porque não era esse o desfecho que a justiça
militar queria.
Não sei porque razão esqueci-me
de assinar um dos depoimentos, que foram remetidos para Chaves para eu assinar,
como tinha ido para Tancos tirar o Curso de Minas e armadilhas não os assinei,
possivelmente foram para a Tancos e depois a Vila Real, onde não me
encontraram.
Estava no Sagal e ao regressar de
uma operação o sargento Oliveira da secretaria diz-me para eu passar por lá que
tinha lá um envelope para mim.
Depois de tomar banho e beber
umas 2M aparece lá o Oliveira com o envelope que era remetido do BC5, muita
curiosidade de todos principalmente do Oliveira abre o envelope assino e meto
dentro de um outro envelope que lá vinha fecho e entregue ao Oliveira pronto
aqui tem a mina resposta. Todos queriam saber o que era.
Lá disse o que era. Por Causa do
nome do Oficial Tolentino Cruz, perguntei ao Cabo miliciano que estava a
comandar a secção de Obuses, se tinha algum irmão em Portugal disse-me que sim
e se chamava Tolentino da Cruz. Contei-lhe depois a história mais em Pormenor
Aqui vai uma resenha dos meus
tempos no BC5
Cascais 7 de Março de 2016
António Nascimento